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quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Brasília Livre! (para o poeta Marcos Fabrício)

I

Na primeira noite do ano 

de 2024 do calendário cristão

Sonhou o poeta 

que liberta seria a cidade de Brasília 

O mel prometido da profecia

era a água pura que jorrava

nos lagos Paranoá e Descoberto

onde todos se banhavam


II

O leite divino da liberdade

contagiante essência da cidade

era distante dos desejos da Europa

de colônias, e metrópoles

Brasília era uma entidade autônoma

de um governo que não nasceu ainda

Capital de si mesma

irmã da natureza


III

Como na queda do regime soviético

monumentos derrubados

para dar lugar ao Cerrado 

Um novo hino seria composto

por músicos e poetas da cidade

Os pássaros azuis de Athos Bulcão

na nova bandeira pintados

tremulando na torre da cidade


IV

O poeta incrédulo no sonho via

Águas das chuvas canalizadas

em dezenas de pequenos lagos

renascendo veredas por todos os lados

O avião símbolo de Brasília

daria lugar a estrela brilhante

raios de luz nas direções cardiais:

norte, sul, leste, oeste


V

Circulará o dinheiro social 

onde dele se precisa

A moeda da cidade é o talento

de valorizar uns aos outros

O mais famoso bar, o Beirute

enfim socializado em forno público

distribuindo esfirras e salgados

como em Cuzco no Vale Sagrado


VI

O tempo ufanista foi silenciado

nascerá o tempo de Brasília: 

o presente do futuro

A cidade criará inovações para o mundo

Arquitetos de todo o planeta

completariam as obras de Niemeyer:

tetos, paredes, passarelas verdes 

para os prédios de Brasília


VII

Os ministérios cada qual ao seu jeito 

transformados em galerias e museus 

Como em Washington mas de ingresso livre

facultado a todos do planeta

Cada cultura da Terra

em Brasília teria sua rua

Do Cairo, cafés e narguilés

onde os habitantes relaxam


VIII

depois de um dia de trabalho

Da Nova York do jazz

vem a tradição do respeito

a todas as diversidades

De Lisboa e seus ateliers abertos

onde a arte é ensinada 

À noite a cidade pulsava

encontros de antigas nacionalidades


IX

ofertando sonoras novidades

O poeta de Brasília não queria

que o sonho acabasse 

Enfim, entendia Dom Bosco

que sonhará com a cidade

os milagres presenciados nasciam

das imaginações de seus habitantes

impulsionadas por avançada tecnologia


X

Uma voz onírica lhe confirmou ao final

que se Florença foi da renascença o centro

Brasília seria o futuro do futuro

inspirando todas as cidades do mundo

Os povos da Terra 

aqui teriam descanso e criatividade

Brasília será o centro de gravidade

da reconstrução da humanidade


XI

Antes que forte raiasse o dia

o sonho desvanecendo 

o poeta na mais densa alegria

tomou coragem para contar o que via

A cidade resplandecia

diante do poeta acontecia

a mais linda metamorfose:

Brasilia livre!




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