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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Sapatos

A gente passa e o que nos define
pode ser o que passa com a gente
Eu me defino pelos sapatos que me calçam e calçaram
Deram-me conforto, até rigidez na hora certa
no chute do bico de trivela
no “pernas para quem te quer”
do “quem fica parado é poste”
Eu lembro saudosamente do meu kichute
com travas de borracha no tempo de chuteiras metálicas
Era popular e negro como os brasileiros
baratos e disponíveis em qualquer bazar de esquina
O conga então era um sapato budista
humilde, também barato
Seu bico branco dava-lhe feições de um patinho feio
mas cedia ao dono dons de correr ao futuro
A foto dos sapatos de Garfunkel no Central Park
inspiraram-me a recebê-los mais de uma vez
Solado de resina, corpo macio de camurça
acolheram a minha fase mais desapegada
Hoje, tecnológico me rendo aos sapatos de bicicleta
e seu desempenho aeróbico perfeito
mas me encanta aquele que freia o skate na sola e na raça
Um de meus sonhos de infância foi pedir um pé maior que o da minha irmã
Cuidado criançada sonho de criança leva carimbo de divino
Com os meus 46, 13 lá na gringa
infelizmente me tornei mui seletivo
na escolha de meus companheiros de jornada...
Admiro a simplicidade das havaianas
disponíveis e elevadas em sua vida simples
e a nobreza dos sapatos de pelica e couro de carneiro
È triste porém nobre
os animais, nos sapatos, morrem por um bom motivo
Ganham outra vida...
No dia que eu morrer quero que meu couro curtido
das paisagens, dos amores e dos versos que me caminharam
também levem alguém a outros lugares
de modo confortável e definitivo
Quero ser convidado a caminhar junto
com aqueles que gostam de caminhar

ocf

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