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sábado, 25 de abril de 2009

Rootless (Os desenraizados)


olhos pequenos querem ver de menos
é melhor olhar e não ser olhado
se esconder da fera
se embrenhar na selva
que bicho é esse que a gente não come?
que bicho é esse que a gente não entende?
esse bicho comeu a gente!
nossa antropofagia não funciona mais
é preciso outras magias
batucar nossos ritmos
com os desmontes das máquinas
com os destroços dos aviões
desafiar as chaminés
domar as colheitadeiras
há de ter uma erva de morte certa
há de se fazer uma armadilha
sonharemos para receber tal sabedoria
cantaremos todas as noites
clamando aos ancestrais desta terra

terça-feira, 14 de abril de 2009


O que há por detrás da luz?
Quanto mais intenso o clarão
Mais desconfiança tenha
o fraco, o desprovido de herança ou quinhão
Que se luz fosse iluminação (do espírito?)
Las Vegas seria o centro da salvação
Desconfie do que muito brilha
A felicidade tem mais haver
com flama de lamparina
do que com holofotes maracanãs
Não me crês?
Nem os insetos tão pouco
E morrem queimados
no alçapão que jaz atrás
da luminária barata do meu quarto
Descolada?
Crédula ou crente?
Apenas alguém que agüentou firmemente
A paquera do anônimo pretendente
Que ao seu lado sentou
E no coletivo como que coletivamente
Se desandou a falar...
Emendando aquela do ônibus cheio
com a poluição do ar
Da moça japonesa que acabou de entrar
ao transito que não para de piorar...
Testemunha involuntária do diálogo
Prolixo de um lado
monossilábico de outro
lia saltitante e interessado
um peça de teatro de deslocar o pescoço
Fechei o livro e sai do ônibus
abandonando a moça ao tiroteio verbal do rapaz
A comédia está no ar...

sábado, 11 de abril de 2009

Como descreverias essa mulher?
Seu corpo é indizível.
Sua alma indecifrável:
Morte de todas as metáforas.
O fim da poesia?
A poesia viva!

Noite alta
à procura de biscoitos:
Somente farelos.
Útero azul e nuvens brancas
ar amniotico atmosférico
enches meu peito de esperança:
Nascerei noutro mundo?
Uma bactéria ao ver o brilho
de um olho ciclope
a investigar-lhe a intimidade no microscópio.
Perguntou-se, com seu QI de ameba,
se não haveria vida em outros planetas.
Um sentimento de que ela e suas irmãs
não estavam sozinhas no universo invadiu-lhe o espírito.
Solidão macroscópica
que volta e meia se abate sobre os seres microscópicos

Ménage a quatre



Foi amor a primeira vista
e logo na primeira noite
fomos os quatro para a cama:
eu e ela , Ingrid Bergman e Hunfrey Bogart.
(na vitrola “As time goes by”)

Margarida

Se uma flor não foi feita para ser comida 
por que esta água na boca quando vejo a margarida?

todo o esforço que faço
todo o meu cansaço
ao pedalar numa subida
se transforma em vento
ar em movimento
que beija meu corpo na descida...

Reciclagem

Poema:
Posto que é de papel
que seja lido enquanto dure.

pardais


Os pardais nos fios de alta tensão
são notas musicais que acordam o dia
Cantam e voam como os sons
para lugar nenhum
Todas as luzes apagadas:
Duas pessoas sorrindo no chuveiro
iluminam a casa.

o tema de lara



Lara queria ser teu Zhivago, o doutor!
Contudo divago
se além de puro encanto
não seria desejo louco
sofrer em prantos
desencontros tantos
num romance russo
com uma garota do leblon.

big-bang


Arranca teus olhos
que teus olhos te traem
Deixam-te nua e a tua nudez
põe abaixo todas as minhas muralhas.
Por um instante cego vejo o inicio de tudo
O big-bang
a faísca da bomba atômica em tua íris
Por um instante lúcido vejo a verdade em ti
que já vai brilhar em outro lugar
Poeta é aquele que deixa a luz entrar

Gastronomia e Poesia

Decisão tomada em família: será servida nos cafés da manhã a mais bela poesia desta e de outras terras Para harmonizar a novidade infinita d...