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segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Mamãe

Depois do sétimo dia
Deus entregou o que restava a fazer neste mundo
às mães e aos poetas
Colocou toda a história na maternidade
do gênesis ao apocalipse
Desde o primeiro suspiro ao último a criatura sussurrará:
“Mamãe”
Poema de um só verso e uma só palavra
presente em todas as línguas de todas as nações
ecoará em todas as dimensões do amor
Objetivo último de todo poeta
que nasce maternal nem que seja na imaginação

O Futuro do Passado

I

Quanto custam os lençóis limpos da pousada?
Caravelas portuguesas eram saudadas pelos tupinanbás
Depois, até os prisioneiros seriam bem tratados
e agradados até virarem o prato principal
dos banquetes da guerra

II

Pequenos negócios e grandes esquemas
falam o mesmo dialeto carioca:
"Tem que pedir com jeito"
"Você é o cara"
"Mas vai no sapatinho"

III

Quanto custa viver na comunidade do Itanhangá
onde a milícia cobra 100 o botijão de gás?
Palermo é aqui!
Cosa Nostra e Bossa Nova
se reconhecem entre os Arcos da Lapa

IV

Malês se revolucionam em Salvador
declaram independência
criam a Pequena África no morro da Providência
com liberdade, sal e arte
para florescer o samba e seus novos quilombos


V

Há 500 anos,
a cidade do Rio de Janeiro navega
um litoral de belezas, surpresas e espantos
Entre afetos sinceros, mentes brilhantes e oficiais malandros
segue a nau carioca rumo ao futuro do passado

domingo, 6 de janeiro de 2019

Ciência dos Trópicos

Ser leitor do mundo solar é diferente
A luz reverbera e cria histórias
São tantas e tantas bailando no ar quente
Desde que nasce o sol
ler e ser lido
jogar malabares com as cores
penetrar em um grande cinema de 360 graus

É difícil ser leitor nos trópicos
O grande escritor alemão perguntou ao público:
“É só vocês?”
E uma senhora envergonhada respondeu:
“É que deu praia hoje”
Era um sábado mas podia ser qualquer outro dia

As mágoas lavadas no mar de Ipanema
secando ao vento que vem da Urca
O sol é o grande anátema
O cálice da verdade
A Prova dos 9...
Vida e morte:  espetáculos da ópera tropical

Negar a vida é perder uma tarde de carnaval
Sentados em uma maravilhosa bliblioteca colonial
sartre, machado, burroughs, alencar, ginsberg, vinícius
Bukowisk é um rei momo descendo a ladeira
É quase impossível ser escritor neste verão
Alguém logo pergunta: “Você lê muito?”
“Sim”  olhando de soslaio meu sócio o sol

Mas há prazer na leitura por certo
para dizer a Albert Camus:
“Você devia morar um tempo no Rio de Janeiro”
Terror, emoção, aventura, descobertas da alma
Nos trópicos todos são filhos e filhas do sol

Dialoguamos com imagens e sombras
assombradas de tanta vida
Se eu convidasse todos os meus amigos literários
enclausurados em suas pesadas lápides de papel
para uma volta em torno da praça Mauá
concordariam com Vinicius:
a poesia é a ciência dos trópicos

Gastronomia e Poesia

Decisão tomada em família: será servida nos cafés da manhã a mais bela poesia desta e de outras terras Para harmonizar a novidade infinita d...