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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

O Barulho do Relógio (poema de Maria Clara)


Ás vezes quando almoço sozinha
eu vejo o rosto de preocupação das pessoas
tao distantes pobres almas
escravas do dinheiro
que trabalham o dia inteiro
Pobre deles, pobre de mim...
são as contas
os boletos que nos tornam assim
O tic taque do relógio
marcando cada segundo
mas quando nos sentiremos vivos de verdade?   
Tic tac tic tac
Seu amor deixou você
Tic tac
Voltou pra casa dos pais
Tic tac
Aquele seu ex- de muito tempo atrás
começou a falar mal de você
Tic tac
Aquela sua amiga morreu
e você não pode fazer nada
Tic tac
As coisas estão dando errado
Tic tac
Você esta enlouquecendo
Primmmmmmmm
O alarme toca
Meu horário de almoço acabou
hora de guardar os sentimentos
pois nada ira se resolver
e a prioridade são as dividas quitadas
para que um dia eu comece a viver
Tic tac
mas o tempo continua a correr
Tic tac

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Aos Meus Ancestrais (para Didi)

Digo ao meu avô
que desisto do grande sonho secular
que animou seus ancestrais
Ao meu pai digo: não preciso agradá-lo
perpetuando aquilo que o desagradava
Os novos seguirão os ventos do presente
O passado é um oceano de memórias
onde navegam personas do inconsciente 
Eu digo: é preciso ir
Aos laços da tradição 
meus desejos de infância pedem passagem
Não serei aquele que mudará o destino da nação
a reputação dos vizinhos
a renda dos parentes
o orgulho ferido na honra  
Viverei meu destino
agradecendo o caminho repisado dos antigos
Partiu!?
Sou estação de partida e chegada de sonhos

domingo, 5 de agosto de 2018

Eu sou o Gato (para Bruce Lee)

Os gatos são mistura
de cachorro com lagarto
Aprendo todo dia com eles
a ser original e espontâneo
entre vontades reptilianas
e bajulações caninas

sábado, 4 de agosto de 2018

Negócio Fechado

Emissário do "1%" dono de tudo
ofereceu-me uma dinheirama
para ensiná-lo a amar
e a receber a poesia

Não precisa pagar, eu disse:
Ao trilhardário tudo será doado
desde que compartilhada
1% da felicidade almejada

Como repartir lhe é avesso
antítese do acúmulo e da soberba
recebi e-mail sobre a negociação:
o negócio está fechado

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Poesia ou Morte

poesia ou morte no dia a dia
sal que salva
a vida não adia
mais poesia
por mim, por nós
nem mais um dia...

sem poesia reina a melâncolia
que rima com melância
mas não tem graça, cheiro ou alegria
Planta a poesia no coração
para não viver esse dia a dia


quinta-feira, 2 de agosto de 2018

O Cachorro e o Lagarto (de Eduardo Pedrasse)


Dentro da cabeça de cada homem
embaixo do cerebelo
existem duas celas geminadas
Em uma está o cachorro
Em outra, o lagarto

Só se abre a cela do lagarto
de dentro da cela do cachorro
E obviamente o lagarto só sairá
se o cachorro for liberto antes

Muitos abrem a cela do cachorro
Somente os experientes, e os incautos
a do lagarto

O cachorro,
Se for deixado à vontade, brincará até cansar,
mas pode ser controlado
se lhe dermos para lamber algumas limas doces
Ou deixá-lo mordiscar pitangas

Já com o lagarto é outra história...
O grande lagarto vive dormindo
Com sua bocarra cheia de dentes, grande língua carmim
e uma baba que gruda como visgo

Alguns, não satisfeitos em se divertir com o cachorro
Abrem a cela do lagarto
E ele, primitivo e insaciável,
irá morder, destroçar e deglutir quem o libertou
E só parará quando não sobrar mais nada...

...uma viagem sem volta

A CIA, o Papa e os Russos tentaram muitas vezes
exterminar o lagarto
Mas viram que assim matam também quem o hospeda...
Um dia descobriram
que a melhor coisa a fazer é satisfazer o cachorro

Assim ele sossega e volta logo para sua cela
Impedindo, deste modo,
que se abra a cela do lagarto.
Noite alta
a procura de biscoitos:
somente farelhos

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

3:45 am

Na alta madrugada 
o enorme cão ladrava
Seu nome: Atlântico
Quem irá afagar seu pelo de nuvens brancas?
O pássaro de ferro acariciou a ventania
Atlântico abanou o rabo e nos deixou passar

Touching Cairo

Cairo wakes like taxis buzzes 
like my mother waking me up

I can touch them

Marx in Cairo


Given all the material conditions of existence
There will be here always an open yellow door

a blue breeze blowing

Cairo

In sweeties
In breads
In arguiles smoking
Herbs are playing the alaude
In all those worthless spices
one finds such a liberty
that smells over the whole city of Cairo
Seized by new conquerors
but totally free in little things

Gastronomia e Poesia

Decisão tomada em família: será servida nos cafés da manhã a mais bela poesia desta e de outras terras Para harmonizar a novidade infinita d...