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domingo, 27 de março de 2011

1503

Lagoas de fevereiro
Cachoeiras de março
nos Igarapés de abril em Manaus
por onde serpenteiam minha nau
Baia de maio e de todos os santos
Enseadas belas de junho
Praias em julho branquinhas
rodapés das montanhas de agosto
Vales férteis de setembro
Para chegar no estuário do outubro
Riachos de novembro desaguam no fim do ano
no fim do mundo mordendo a corda dos meses
Dezembro faz volta ao Rio
descobrindo um janeiro diferente
daquele de 1503

Laranja

Duas bandas
Dois lados do sol
O lado doce de dentro
O que queima de fora
Laranja: astro de doçura ácida
Nos galhos, no céu
nas minhas mãos

Plástico

Um braço se levanta, é real?
É plástico e pode ser engarrafado
A metamoforse se opera dentro do planejado
As asas cortadas...
O torcedor com cara de joelho
Milhões de joelhos e cotovelos!
Me olho no espelho
dou um passo para o lado e as coisas existem
Tenho corpo de propaganda e barriga de aluguel
e gana de não saber

Receita (para Dona Jajá, minha mãe)

Ávida a vida ensina
a navegar no território das memórias
a cozinhar a receita sonhada
mesmo faltando alguns dos ingredientes
Das cicatrizes contarás estórias
E as pessoas rirão e feliz
dirás que tudo está no seu devido lugar
para que as flores cresçam
mesmo que seja inverno o dia seguinte

quinta-feira, 24 de março de 2011

Glup!

glup! glup! o morcego
bebe a água da piscina num piscar
E cai na noite o inverno

Onda Verde


Uma enorme onda verde
Tisunami sólida, uma pedreira:
Esverdeia Laranjeiras

Quasar Carioca

quase é tanto quanto quasar
estrela distante
em intermitente galáxia
pulsa intensamente
sabe que vai morrer e não morre
brilha e suspira
quase quasar
se finge de morta
te dizem cadente, suja e amorfa
ressurges por detrás do equinócio
esfarrapada de luz
te observam no telescópio:
rio de Janeiro

O cardigan branco

O cardigan branco
branco de ausência e silêncio
e um olhar que transpassa
minha alma busca
para onde a seta aponta
que fé é essa em mim depositada
que me desperta num sonho estranho
E a busca não cessa
Dou a volta ao mundo:
Materializado pelas estórias andinas
Leio as pedras de uma catedral gótica
Sigo as pegadas de Hitler na Áustria
Em todos os lugares, eu pergunto
Se alguém, por acaso, viu o olhar de meu pai

A rede Social (Social Network, 2010)


O filme de David Fincher é baseado na livro de ‘The Accidental Billionaires: The Founding of Facebook, a Tale of Sex, Money, Genius and Betrayal’ de Ben Mezrich. É um filme estranho e não admira que tenha ganho uns 8 ou mais estatuetas do Oscar. Bingo se disser que: o Oscar é uma premiação ao filme que mais promove os valores norte-americanos. Amigos de quarto da Harvard criam um website de relacionamentos e depois brigam, traem, roubam, denunciam, enganam, processam, para ver com quem ficaria com a galinha dos scraps de ouro. O filme é filmado com um plano fechado, as tomadas são feitas sem dar muita noção do ambiente em volta, gerando um certo suspense de filmes de gansgster protagonizado por jovens universitários. A grande motivação para a criação do facebook foi a trivial busca da paquera mais popular do campus. Com o passar do filme, outros interesses vão sendo agregados a network. Assim a trama se desenrola sem explorar tudo o que o cinema oferece para contar uma boa estória. Contudo a estória faz a gente lembrar dos projetos mirabolantes com amigos, e as inimizades que surgem, os distanciamentos. Perda de tempo, a vida bem fica melhor com amigos, e ai ponto para o personagem brasileiro da trama, e co-fundador do website. Eduardo não é ambicioso, gosta de sair com as garotas, é o pro-social enquanto que o personagem principal Mark Zuckerberg é um nerd, meio feioso, anti-social, ardiloso e muito ambicioso. No final vencem os valores da competição e com isso o Oscar. Bingo se disser que: o lado Amizade do facebook é brasileiro. É!

terça-feira, 22 de março de 2011

Meu irmão é filho único (Mio fratello è figlio único, 2007)


Do diretor italiano Daniele Luchetti, essa otima comédia...ou seria drama...enfim, essa "dramcomédia" conta as aventuras de uma família em meio as marés ideológicas que varreram a Itália do século passado seja com o Facismo ou com o Comunismo. O foco deste filme é o relacionamento entre dois irmãos na pequena cidade italiana de Latina na década de 60. Accio o irmão mais novo tenta ser padre, desiste, sua família quer para ele um emprego na agrimensura. Ele quer ir para universidade e passa o dia estudando latim. Já o mais velho Manrico se emprega numa fabrica e lidera o movimento operário comunista na pequena cidade. A casa é pequena e a família sonha com a bendita e prometida casa própria. Os irmãos se dividem: a promessa se tornará realidade com a volta do Facismo e do Dulce, e é claro os aristocratas no governo sempre sabem o melhor para a massa, segundo Accio. Ou então, somente quando todos estiverem no poder como companheiros, todos os direitos, e o da casa própria, serão uma realidade, acredita Manrico. Accio se filia aos facistas. Manrico se torna dirigente do partido comunista local. As duas ideologias se mostram inadequadas para entender a alma italiana, ao mesmo tempo comunal, comunitária e também ufanista de seu passado de glórias. E ai é que a comédia se instala em meio a tantas inadequações e conflitos, e instaura o inevitável drama da sociedade italiana. Inteligentemente e felizmente o diretor planta Francesca na estória dos dois irmãos. Ela uma mezzo italiana mezzo francesa, será a namorada de Manrico. Claro, Accio se apaixonará por ela. Comunista, como o namorado, Francesca ajudará na conciliação dos irmãos inconciliavéis. O título do filme parece piada...mas estamos ainda um tanto perdidos e fartos de tantas promessas ideológicas. Se cada um construir sua casa e uma família seja ela qual for e de que tipo for já terá sido uma revolução.

sábado, 12 de março de 2011

Sacada

“Plantaremos em todo o Brasil”
“Não teremos mais patrões!”
“Seremos lideres de nós mesmos”
O velho aos brados arremessava verdades ao vento
E por isso, ou por dizer em hora inapropriada a verdade
(qual seria a hora?)
Ou por ser a pessoa errada dizendo a verdade na hora certa
(qual seria a pessoa?)
“Uma reunião geral é necessária”
“Por favor não faltem!”
Ou por ser uma reunião errada com a pessoa certa na hora errada
condenado será à loucura de sua sacada

Fícus


As nervuras arrancadas ao ar
Cipós, músculos e sangue vegetal
Encarnado de uma força ancestral
Eu digo que Fícus!

Skate-Do (para os Samurais do Skate)

Ouço as conversas do asfalto:
do concreto salto
do derradeiro tombo
no limiar da desarmonia
abandono o navio
skateando paisagens sem atrito...

No vento leio o céu
no misterioso crepúsculo o invisível
eu deslizo e quase voo
medito meu passar pelas coisas
que tudo passe bem
seja qual for o obstáculo

Aeroporto

É natal!
Alguns quereres são magros
Outros namoradores
Bebo o resto de uma conversa
da aeromoça com a mãe ao celular:
“Mamãe o sapato que eu quero é assim”
Tantos quereres logo ali
Aqui corpos de ausência
O aeroporto lotado e vazio
de quereres de(s)colados

terça-feira, 8 de março de 2011

Gastronomia e Poesia

Decisão tomada em família: será servida nos cafés da manhã a mais bela poesia desta e de outras terras Para harmonizar a novidade infinita d...