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terça-feira, 23 de agosto de 2016

Envelheçam

Morreu mais um e morreu mais um
e aquele lá morreu também
E o tal que aparecia demais na TV
se foi e não deixou ninguém 
Foi-se sem avisar

Deixou-nos á envelhecer sozinhos
entregues ao tempo cruel das cidades imortais
que ficarão para sempre depois de nós
Aquele lá era o embaixador do bom humor
Aquele outro prefeito do lugar e guardião da alegria

O que farão as crianças de agora
abandonadas pela sabedoria dos que já foram embora?
Com quem contarão?
Consigo mesmo, diria Nelson Rodrigues:
“Envelheçam, envelheçam, envelheçam”

Para que antes de morrer façam o uso-fruto
de tudo que foi plantado
sem garantia alguma que não será arrancado
Envelheçam para que possam ir além de vocês mesmos
e daqueles que já foram para o além

Menino, coragem!


Do início ao fim
do polo sul ao norte
em voltas intermináveis e genéticas
Yin e yang em frenéticas polarizações
No adulto e suas contas
o menino curioso sonha

O menino cura!
A pulsação da curiosidade acelera o pulso
O menino não sabe que sabe
segue o coração que sabe 
Músculo que contrai o passado no presente
e arremessa o menino no futuro

Bússola, astrolábio, biruta dos ventos
gps cravado no peito
busca até o fim do passado a chama
busca a maquina do tempo
que o transporta por inumeráveis aventuras
do fim até o começo

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Inominável

Se cada um fala do mundo
como se todo o mundo falado fosse
de um, de uns, outros e todos
Toda lingua nomearia o arco-iris
do jeito como falam as cores
Multiplicam-se as trocas 
Escambos de palavras sonoras 
Semeiam-se conflitos sobre a essencia das coisas
Sela-se a paz com uvas e vinhos
Cada lingua particular destino de amar
Inominável desejo de nomear

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Neandertais

Meu crânio é duro
É osso e guarda
substancia que perpassa
vasos, tubos, túneis
cavidades, conexões intermináveis
fazem sentido
fazem a vida ou quase
caminhando comigo
muito mais antigos que meus sonhos
estes ossos ancestrais neandertais
é bossa de um corpo
que me leva para chupar picolé
que me lê Shakespeare
e poemas que tocam o coração
Osso ainda que mole
oco que me carrega
sabe muito de carregar
sabe muito de viver
sabe até amar por instinto
essa maravilha
caixa de pandora
mistério que cria
criatura que alumia


Gastronomia e Poesia

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