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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

teus azuis

Vejo de ave
você ninho
olho de cobra
você toca blues
faz nuvem
eu passarinho
você desarvora
imagino um sol
você chuva
água meu dia
teu verão seca minha poesia
pesco rimas de arpão entre verbos
no céu dos meus olhos

Lucy in the sky of diamonds

desejo-te de sol boa semana
abraço-te de lua bom descanso
escuto-te de desejo puro cantar
toco na tua campainha bem devagar
tem gente na tua casa de pensar?
olho-te de nuvem castelo de artista
sinto-te de garça entre as rãs da pista
ouço-te satélite para você celular
acordo-te tom zé para te celebrar

O pensador de Rodin

olhei de sapo a pedra
olhei de pedra o sapo:
o sapo pensa tal
o pensador de Rodin

Do feitiço

Bolor de laranja não enfeitiça tangerina

A ciência é uma criança

Não desista nobre cientista
antes de ver a ciência brincar
A criança alarga as dimensões da escrita
foge do mosteiros bem no início
e autoriza novas combinações 
depois se esconde na floresta
Heterodoxias de comer ela deixa restos
Amplia os limites matemáticos da noite
e as incertezas do dia
Austeras recombinações ele despreza
E assim como Mozart, sorrindo
desperta achados divertidos
transforma velhos magos cansados
em aprendizes

Amélia vai ao Tibet

Para ser feliz
aboliu os domingos
Decisão tomada avisou à família
Vieram as segundas e as terças
logo mais sumiram os sábados
e também a sexta
Sentiu-se mais livre e na quarta
mandou o natal as favas
a páscoa aos monges
e o ano novo á Iemanjá
No aniversário declarou-se sem idade
assumiu cabelos brancos
sem vaidade
com as contradições floresceu o poliamor:
dorme com uma á noite
acorda com outra de dia
No crepúsculo ela desconcerta
floresce o dia morto com novidades
Agora é que são horas
aboliu a contagem do tempo
para viver a paisagem interior
Nas curvaturas do espaço
ela é inusitada e relativa
não aceita mais ficar congelada
numa selfie datada

O espanto da existência

o espanto da existência
é para ser entendido numa fração de segundo:
de um cruzamento de carros

de um cruzamento de corpos
de uma conjunção de planetas
da sincronicidade cósmica dos encontros

nas fugidias expressões do ocaso
ler o indizível na íris azul de uma desconhecida
quais as previsões dos astros? quais as possibilidades do tarô?

estaremos condenados
ao infinito instante de suspensão
na beira de todos os desencontros do universo?

On decisions and intentions

Brazilians air intentions freely
may they be part of someone else decisions
Americans don’t air intentions
They are cristal-clear when talking
sharp  on  the pronounced  words
Each one is more than a sound
floating in the air...
They are contracts carved in the stone
Brazilians words are like birds
They sit here and there
tree branches, ceilings, light posts, electrical lines, top of buildings
Like the wind that serves everyone
when Brazilians decide
there are no words but acts
driven by emotions they blow like a new habit
there are no need for an enforcement of any kind

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Tutti Bene?

O dia era belo, ensolarado
Não despertei homem branco
classe média, estatura acima da média
meus estudos completos
Naquela manhã, 4 de outubro 
eu acordei de mim

árabe
mulher
lésbica
deficiente
indígena
travesti
cigano
gay
negro
pobre
indigente

Acordei e estava nublado
sentia na pele no lombo
o sol escorchante do privilégio
Ato de coragem saío de casa
resistências heroícas ao meu lado
ainda minha covarde conivência

Meu corpo e boca de poeta

mas falar diz quase nada
os artifícios da lingua culta
o charme da esquerda francesa 
a erudição marxista, a queda da bastilha
os direitos humanos...

O dia amanheceu pesado 

da estranha violência do mundo
da inconsistência dos colaboradores
da náusea da inocência
do crepúsculo manchado de sangue

Desarcordei de mim
e não estava tutti bene

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Capuccino Blues

Café, cortes de tecidos...
Amêndoas de cacau
Tudo que tem valor e graça
vale a pena e ressoa...
Um pulsar eum desejo tranquilo
tecidos juntos num final de tarde
em grãos de beleza

Gastronomia e Poesia

Decisão tomada em família: será servida nos cafés da manhã a mais bela poesia desta e de outras terras Para harmonizar a novidade infinita d...