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sábado, 23 de maio de 2015

Irmãs

Cheguei bem perto da vida
e ela tinha a cara da morte
Cheguei bem perto da morte
ela estava viva e me sorria:
planos futuros, loas e cantos vindouros...

Morte e vida neste corpo de sonho
flutuando sobre as árvores
A vida encarna na morte
ou é a morte que encarna na vida?
Irmãs siamesas sem possibilidade de separação

Precisarão conviver do começo ao fim
do fim ao começo...
Olhei na cara dura da morte e ela me sorriu
O brilho no olhar, o calor, as palavras ditas
a ilusão sólida que dança em minha frente

Amor que move os planetas e as nuvens
e luta para que o milagre da vida
tenha a dignidade que merece
apesar do desmerecimento
Viver é diferente de acordar,  escovar os dentes

Ir ao banco, usar a bicicleta, ligar para a mãe
Viver não é desse mundo...
Carregado dos perfumes da travessia
Um dia o viver retorna
para onde a morte é vida

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Necy Pereira da Silva

Era quase junho ou julho
A constelação de escorpião tilintava no céu
Mulas atravessavam o sertão maranhense
levando charque, farinha de puba e metros de tecido
Necy cresceu Bernarda no meio dessas histórias

Era a heroína de heróis imaginários
Era a vontade de voar sem ter asas
Desejos tantos que os nomeando
seus olhos verdes se iluminavam
Era a princesa esquecida de um povo esquecido

Em sonhos, cavalgava seu alazão
No fim da tarde retornava á sua casa de alvenaria
que um dia seria construída...
Bem-aventurados aqueles que lhe deram asas
pois deles é o coração dela

Bem-aventurados os que socorrem os vulneráveis
pois da mão amiga nascerá a eterna amizade
Bem-aventurados os que aliviam dos ombros frágeis a pesada carga 
pois deles será a leveza da felicidade
Ela foi tudo que podia ser sem nunca ter sido

Era mansa e humilde
como a brisa leve que bate na porta e entra
Esse vento morno morava na minha casa
Trouxe-me perfumes, histórias e tristezas do sertão
Fui o filho que ela teve de deixar para trás

Seu português sertanejo com excessos de vogais
era vocacionado para falar das delícias da natureza
A nossa Necy era firme como o tronco da pereira
calejada mas com galhos cheios de esperanças
Era silva como tantas silvas anônimas e amorosas

Necy Pereira da Silva, brasileira
natural de Barra do Corda
nasceu na trizidela depois da passagem de pedras
Era doce
animais e crianças faziam ninho nela



domingo, 10 de maio de 2015

Os anos de dúvida

Os anos de dúvida
roubaram as boas horas de sono
revirando ideias no lodo do esquecimento
Lá estava eu
prestes a zarpar para o desconhecido

Era um mar calmo
novos marinheiros subiam comigo
a bordo do veleiro
Nada conspurcava a imagem desta partida
mas eu levava nos meus porões essa desconfiança

Arrastava para dentro do presente esse intrusa
que pintava com tons sombrios meu passado e futuro
Enquanto a maioria desfrutava da viagem
eu temia cada momento
cada instante

Um acidente quem sabe um desastre
ou ainda o encontro com piratas
que roubariam o esforço de todos
Eu fiz a viagem
Ela me fez...

A travessia foi completa
as mercadorias entregues aos seus donos
Uma nova viagem se aproxima
O barco é confiável
um bom cargueiro, seminovo

Tudo nele inspira confiança
Barco construido por mestres no metier
A tripulação se apresenta
agora nem marinheiro sou
Quems sou?

Não percebi mas envelheci
Acumulei o que se chama de experiência
Sou mestre e comando o navio
Tenho entregas a fazer
preciso ir

Difícil é atravessar a fantasia triste da dúvida
Esta é a pior travessia...

Lou-Salomé

Ouse, ouse... ouse tudo!!
Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar sua vida a modelos,
nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.
Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la!
Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.
Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso:
algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!"
— Lou-Salomé

Gastronomia e Poesia

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