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quinta-feira, 21 de maio de 2015

Necy Pereira da Silva

Era quase junho ou julho
A constelação de escorpião tilintava no céu
Mulas atravessavam o sertão maranhense
levando charque, farinha de puba e metros de tecido
Necy cresceu Bernarda no meio dessas histórias

Era a heroína de heróis imaginários
Era a vontade de voar sem ter asas
Desejos tantos que os nomeando
seus olhos verdes se iluminavam
Era a princesa esquecida de um povo esquecido

Em sonhos, cavalgava seu alazão
No fim da tarde retornava á sua casa de alvenaria
que um dia seria construída...
Bem-aventurados aqueles que lhe deram asas
pois deles é o coração dela

Bem-aventurados os que socorrem os vulneráveis
pois da mão amiga nascerá a eterna amizade
Bem-aventurados os que aliviam dos ombros frágeis a pesada carga 
pois deles será a leveza da felicidade
Ela foi tudo que podia ser sem nunca ter sido

Era mansa e humilde
como a brisa leve que bate na porta e entra
Esse vento morno morava na minha casa
Trouxe-me perfumes, histórias e tristezas do sertão
Fui o filho que ela teve de deixar para trás

Seu português sertanejo com excessos de vogais
era vocacionado para falar das delícias da natureza
A nossa Necy era firme como o tronco da pereira
calejada mas com galhos cheios de esperanças
Era silva como tantas silvas anônimas e amorosas

Necy Pereira da Silva, brasileira
natural de Barra do Corda
nasceu na trizidela depois da passagem de pedras
Era doce
animais e crianças faziam ninho nela



Tanto lá quanto aqui

Há milhares de anos luz da Terra não se sabe o que acontece por lá Mas tambem por lá ninguem ouvi falar do planeta azul  Quando se diz mundo...