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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Brasília 2647

No ano de 2647, o poeta visitou

uma superquadra de Brasília

distante uns 600 anos dos jornais de hoje

(daqueles tempos da mudança climática)

Brasília a que seria o berço de uma nova civlização

como nos disse o italiano Dom Bosco, em 1883

encontrava-se sem rumo e paraíso

em choque entre a distópia e a realidade


O Antropoceno seguia seu passo resoluto

acompanhado da mais avançada tecnologia:

plantas artificiais aprisionam a energia do sol

Impera o céu cinzento no planalto central

Dilapidado o Cerrado por completo

nada sobrou das promessas de anos dourados

quando se duvidava 

que o clima da Terra irá se desestabilizar


O futuro das belas palavras

das ciências e da diplomacia não nasceu

Há disputas ao longe nos cataventos no deserto

que circundam o avião de Niemayer

Vive-se mais nas gaiolas de concreto

do que nos gramados agora de silício

Observo arentes no mesmo apartamento

fatiado em kitnets e janelas


O poeta é tomado da justa verve

de quem teve a beleza roubada:

"Vocês deixaram isso acontecer!"

"Vocês deixaram isso acontecer!"

O planeta agora é completamente humano

cercado de abismos e ambições

Somos enfim a imagem e a semelhança

de nós mesmos e nada mais


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