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sexta-feira, 29 de março de 2024

Meus Irmãos

Meus irmãos ainda me prendem

às memorias da infância feliz

da adolescencia conturbada

naquela década de 80


de reviravoltas, medo e esperança

Meus irmãos não deixam

que eu desista do passado

que dê a ele uma limpeza


com pano e álcool

Meus irmãos estão apavorados

com a vida, sua linha sem volta

ninguem larga a mão de ninguem


Eu larguei as 19

bem antes imaginava-me

membro de uma sociedade secreta

de uma família imaginária


Menino de muitos irmãos

Minha casa era a rua

Minha mãe me chamava de cigano

Meu mestre de capoeira de giramundo


Eu pareço dono de muitas derrotas

tentativas ou infames vitórias 

Sou pleno de falhas necessárias

um destino desconhecido


É preciso errar

ir pelo caminho torto

para encontra-se finalmente

apartado de um mundo errado


Eu fui um adolescente em Brasilia

a calça punk escondia o medo

da rebelião que nunca aconteceu

mesmo letrado recusei-me


ser servidor público

graduado, aposentadoria garantida

Preferi o improviso e o salto

do porvir incerto de São Paulo


Sou interdisciplinar

mas ninguem acredita

Me disseram: você é pluriapto

Não é doença mas é quase


Devo ter defict de atenção

E se for autismo?

Os irmãos pouco me ligam

os amigos da infância sumiram


Não sei o que pensam:

sou pensamentos á deriva

Quando meu pai se foi

o sol bateu com força 


na pele em lágrimas

Quando os irmãos se vão

cresce a responsabilidade

meia volta vou ver


Ser um pouco de cada

desvendo a vida do passado

mirando o futuro

sorrir para todos

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