Pesquisar este blog

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Morro do Careca

Já passava das nove da manhã

Latitude sul cinco graus

Longitude oeste trinta e cinco graus

Jazia ali o corpo sem vida

do pescador sem nome

do morro do Careca


O cinegrafista calibra a câmera

O jornalista desvia o olhar

a volta do corpo

os olhares de espanto

no futuro que pode ser do outro:

o pescador abraçado de areia


A fina areia do morro 

é soprada pelo vento

na ampuleta do tempo

Dizem que bebeu tres dias sem parar

Faleceu ao lado da jangada 

Caiu ao mar no ataque do coração


As histórias se multiplicam

sobre o fato ocorrido

Uma fina seda de azul tristeza

cai sobre a praia da Ponta Negra

Vendedores, turistas, pescadores

investigam as causas do infortúnio


De tristeza a causa mortis

O mar subia amaeaçador

Se antes trazia peixes e boas novas

agora leva embora a areia da praia

a alegria e a abundância

escavando a fronte do morro


Maré baixa, maré alta

a ampuleta de areia

marca o tempo do morro

da terra e do mar

dos pescadores

de uma fartura de outrora


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Tanto lá quanto aqui

Há milhares de anos luz da Terra não se sabe o que acontece por lá Mas tambem por lá ninguem ouvi falar do planeta azul  Quando se diz mundo...