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sábado, 16 de abril de 2022

As Águas (para Luís de Camões)

Canto I


Descer as escadas do poço ancestral

do medo ao encontro do universal

Um pouco d'água para aguentar na luta 

Celebrar a união nossa 

animará os passos ao futuro

daquilo que podia ser compartilhado ainda a disputa

germinada pelo tanatus da crise plantada

onde o sol nublado é mormaço e mais nada


Canto II


Que a inimizade não afaste a azul verdade

O poço é nosso ainda que a jornada solitária seja

Que o castelo soçobre mas que o poço jorre 

A água da minha força é também vossa

Separadas as águas abrasasse o sol

mas da reunião nossa e amiga novas nuvens serão formadas

O que se pede é pouco para que cada um ao seu destino chegue

delta onde nossas conquistas encontram as derrotas


Canto III


Que o primeiro passo da jornada seja um gole azul da água

Nela a nossa união eterna e consagrada

Mesmo distante pelos sete mares

entorpecido pelo vinho da ambição

busquei no fundo do meu poço a água que é vossa

Ir ao fundo das coisas necessário seja

para entender os kairus e os cosmos 

pois se separados estamos seja a água a grande aliança


Canto IV


Eterno e profundo é o poço e sua verdade

Da pouca água do meu corpo possa ser encontrada a vossa

Não nuble a consciência o sol do desejo intenso

da separação de amigos e convivas

não impeça meu barco de recolher naufragas alegrias

Que a luta ainda quase finda e falta pouco para desaguar na vitória

Em nossas águas recordemos o oceano ancestral dos encontros

Não nos permita o medo de evitar tempestades


Canto V


Se bom navegador sou 

levarei a caravela nossa a mares desconhecidos

Celebraremos nossa união e força

em taças da mais puro água

para animar a luta e suas reviravoltas

De cada conflito surje uma nova nascente

que cura e limpa as feridas

de ambições solitárias e desmedidas 


Canto VI


Que essa ilha de desejos e seus rochedos não nos ponha receio:

enfrentar desafios é da nossa história e gênese

Celebrada em mares calmos de alvas praias

ainda que a cada um seja dado a própria água

o sol abrasador da cobiça seca os versos 

O futuro convida a descer por rios novos e vertentes

para além das inevitáveis separações

que as corredeiras sacudam as falsas verdades


Canto VII


Que eu não tenha receio como Camões de ir á África e a Ásia

na busca daquela verdade última para finalizar a jornada

Que a ansiedade da vitória não impeça a esperança nova

Ao chegar já recebo novo convite pois a água não para

Que a separação de hoje seja riacho do amanhã

Celebremos nossas águas no caudaloso rio da história

A utopia minha é vossa e vossa água é nossa

Somos marés de mudança, somos ondas




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