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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

De volta a Salzburg

As histórias de civilizações antigas, contadas pelo professor Martins, criavam filmes em minha cabeça. Acenderam-me imensa vontade de voltar no tempo. Mas como? Ao final de uma de suas aulas, crispei os braços sobre a cabeça e fiz um pedido ao universo: "Quero conhecer uma cidade medieval!". Décadas depois caminhando por Saltzburg, Austria, lembrei-me de meu inspirado professor de história. Salzburg foi um dos últimos feudos a resistir a onda dos estados nacionais. Foi reconstruída após a segunda guerra mundial e o castigo recebido pelos bombardeios norte-americanos. 

O museu de Arte Contemporânea se localiza em um antigo bunker escavado na rocha dos alpes suíços. Durante a idade média, Satzburg foi um burgo inexpugnável e protegido, entre os alpes escarpados e uma fortaleza com dezenas de canhões apontando para todas as direções. Quantas batalhas Salzburg teria lutado para resistir á mudança política da criação dos estados nacionais? Contudo, a mudança musical e de costumes trazida pelo jovem Mozart foi logo expurgada da cidade por ordens de seu bispo. Nos dias de hoje, vende-se laconicamente como souvenir da cidade, a Mozartball, bolinha de chocolate, do tamanho de uma bola de gude, com a cara do famoso músico estampada na embalagemo. 

Expulso da Salzburg, Mozart, tornou-se o maior negócio da cidade. Mas a cidade medieval, um pouco distante do conservatório Mozart, parecia mais uma antiga favela, do que a bela cidade de calçadas e praças impecáveis. Casas escuras e sem janelas com divisões internas lembram estábulos. Com pouca circulação de ar eram habitadas por pessoas, que com sorte chegavam aos 40 anos de idade. As antigas ruas em forma de cunha, por onde escorriam os dejetos humanos, fizeram-me lembrar das ruas da baixada fluminense no Rio de Janeiro.

Saltzburg, cidade luxuosa, cravejada de marcas famosas, lembra muito pouco seu passado. Tive que me esforçar para redescobri-lo. Espero que no futuro muitas das abandonadas cidades brasileiras sofram desses lapsos de memória. O professor Martins, ao ensinar história universal, queria transmitir que é o espaço com suas capacidades e contradições, que determinam o tempo, e não o contrário.

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