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domingo, 4 de setembro de 2016

Sertanejo Perfumado


Em tom sarcástico, disse-me o sulista
que sertanejo quando sobe na vida
compra sabonete Phebo para marcar a virada
o fim das vagas magras
Toda vez que quero saber aonde vai dar um caminho
lavo o rosto com o sabonete de meu pai

Sertanejo que já foi para o andar de cima
na memória o cheiro da tangerina encardido na pele
o cravo mascado na boca de bom hálito
Por onde passava deixava o perfume da vitória da alma
Na vida dos outros, no mundo, no turbilhão das cidades
onde os sonhos de menino podem não achar caminho
os perfumes de meu pai lembram-me do essencial

O aroma da felicidade aprendi a reconhecer
ao cheirar o cangote de minha mãe
Uma sertaneja prodiga em cheiros e aromas
como este do cuscuz de milho que vem lá da cozinha
exalando seu chamado ancestral

Vento

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